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Betânia Spangemberg

Em outubro de 2021, conversamos com Betânia, carioca moradora de Alter do Chão há 10 anos. É proprietária do primeiro restaurante vegano e vegetariano de Alter, o Siriá (@siriavegetarianoevegano), mas sua atuação se dá para além dos preceitos das dietas que prezam a diminuição do consumo de produtos de origem animal.


Betânia nos fala do seu encantamento pela gastronomia como arte, “das coisas que se aprende, que vieram de antes de mim; das coisas que quero colocar no prato, a criatividade; do desejo de cuidar do outro”. Para ela, é importante tirar a gastronomia do lugar de matar a fome e passar a entender como arte.


Da sua experiência e aprendizados na Amazônia, Betânia nos fala de como a Amazônia é intensa e diversa de cores, cheiros, sabores, texturas. E que vai além daquilo que se convencionou chamar de “Gastronomia Colonial”, uma mistura do que os colonizadores queriam comer, das técnicas de cozinha dos povos escravizados e da oferta de ingredientes que os povos originários produziam.
 

Assim, quando falamos de gastronomia estamos falando de cultura. E falar de cultura implica uma pesquisa constante, pois a arte não é estática, ela está em constante movimento. E isso não significa abandonar as tradições e inventar com o que vem de fora. Ao contrário, o movimento é também de enraizar, de beber das fontes, pois a arte está sempre comprometida com a memória, com a história.
 

É importante dar nome à necessidade da visibilidade das detentoras e detentores dos saberes tradicionais. De saber onde estão e por que é preciso procurá-las e ouví-las.


Nesse sentido, para ela, o ativismo no campo da alimentação é necessário para ativar a memória, da mesma forma que a memória impulsiona o ativismo. No caso dela, que é ativista em prol da equidade no acesso à alimentação saudável, a cozinha é vista como um espaço de resistência.

“O veganismo, por exemplo, não é somente uma proposta somente de deixar de consumir produtos de origem animal, mas uma prática que incorpora elementos como a questão de se respeitar os períodos de defeso. São estratégias que também favorecem os carnívoros.”


Atualmente, Betânia tem voltado seu foco para um trabalho com cozinheiras de comunidades tradicionais que estão se preparando para receber visitantes do Turismo de Base Comunitária, que vem crescendo na região. Ela fala da possibilidade de apresentar a estas mulheres ingredientes locais que muitas vezes já são reconhecidos em outros estados e países, mas ainda pouco utilizados por aqui. As castanhas, por exemplo, em sua enorme diversidade, que geralmente são consumidas torradas, e que possibilitam usos muito diversos, especialmente por poderem ser consumidas frescas, ainda verdes.
 

Além disso, ela enxerga no trabalho com as mulheres das comunidades ribeirinhas e das tradicionais “cozinheiras de barco” da região a oportunidade para que elas se reconheçam enquanto chefs de cozinha que são, e que não fazem ideia que são.
 

“Geralmente as mulheres são cozinheiras enquanto os homens são chefs. Cozinha é de casa.”

 

Siriá Restaurante Vegano e Vegetariano

Travessa Antônio Agostinho Lobato

Alter do Chão

@siriavegetarianoevegano

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mapeamento alimentar

Venha participar do mapeamento inicial do projeto WWW.NACUIA.COM, onde é possível navegar em alguns processos tradicionais da cultura alimentar de Alter do Chão e região.

Se você conhece uma detentora ou um detentor dos saberes tradicionais alimentares de Alter do Chão e região, envie uma mensagem para projetonacuia@gmail.com ou ligue para 93 99211 6566. Vamos gostar de conhecer mais uma história!

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